terça-feira, 1 de novembro de 2011

As mais tradicionais cantinas, pizzarias e restaurantes de São Paulo

A cidade de São Paulo é reconhecida como a Capital Mundial da Gastronomia. Conheça aqui os pioneiros desta tradição paulistana.


1872 – Padaria Santa Tereza 


É sem dúvida o mais longevo dos estabelecimentos que servem alimentos prontos de São Paulo. Começou como padaria. Hoje é padaria, pizzaria, lanchonete, doceria e restaurante. Além da grande variedade de pães de qualidade, serve deliciosas pizzas (aos pedaços ou inteiras), lanches bem feitos e pratos a la carte (o prato para um, serve dois) durante todo o dia e à noite. A seção de salgados e a de doces reservam gratas surpresas. A coxa creme é deliciosa! É local de refeições de funcionários do Judiciário e advogados há muitas décadas. Vale muito à pena conhecer.
Praça João Mendes, 150 - Centro – 3241-1735 / 3105-1793 / 3101-3105

1881 — Restaurante Carlino 



É o mais antigo restaurante de São Paulo. Oferece até hoje os clássicos da Vecchia Cucina que hoje se juntam a novas receitas e sabores. Sua atividade foi interrompida entre 2002 e 2005.
Rua Traipu, 91 – Perdizes – 2359-7269

1907Cantina Capuano 


É a mais antiga cantina da cidade e o mais antigo restaurante em funcionamento contínuo. Começou na Rua Major Sertório e em 1961 foi para o Bixiga (Bela Vista). Os grandes destaques da cozinha são o Fusili ao Sugo, as bracholas e porpetas (ou polpetas) e o delicioso Pernil de Vitela à Napolitana.
Rua Conselheiro Carrão, 416 – Bela Vista – 3288-1460

1929 – Cantina Castelões


Hoje é conhecida como Cantina e Pizzaria Castelões devido à merecida fama de suas pizzas. A pizza que tem o nome da casa é espetacular. Os pratos da tradicional cozinha italiana não ficam atrás. Funciona no Brás em uma travessa da Rua do Gasômetro sempre no mesmo endereço. Consulte o Google Mapas para saber como chegar lá. É imperdível.
Rua Jairo Gois, 126 – Brás – 3229-0542

1929 – Restaurante Moraes – O Rei do Filet 


O carro-chefe da casa é o famoso Filé do Moraes: Um filé mignon alto com 230 ou 430 gramas. Antigamente a pedida era acompanahr com alho frito e salada de agrião. Hoje o filé é escoltado por uma grande variedade de acompanhamentos para agradar todos os paladares.
Praça Júlio Mesquita, 175 – República – 3221-3066
Alameda Santos, 1.105 – Jardim Paulista – 3287-6365

1935 – Restaurante Freddy 


O mais antigo restaurante francês da cidade. Num ambiente requintado se aprecia o melhor da Ancienne Cuisine. Sua adega conta com mais de três mil rótulos de vinhos de alta qualidade. Requinte, sofisticação e atendimento primoroso traduzem com perfeição o verdadeiro significado da palavra Gastronomia.
Praça Dom Gastão Liberal Pinto, 111 – Itaim Bibi – 3167-0977

1938 – Restaurante Gigetto 


Comida de cantina. Fundado em 1938, transferiu-se em 1949 para a Rua Nestor Pestana e em 1969 para a Avanhandava. Longeva, a cantina é mãe de muitas outras abertas na cidade. Foi de sua cozinha e de seu salão que surgiram nomes como Giovanni Bruno, João Lellis e Pier Luigi Grandi, o Piero. No cardápio, não falta o capelete à romanesca (ao molho branco, cogumelo-de-paris, presunto e ervilha), que se tornou o ícone clássico da culinária ítalo-paulistana. Outra pedida, o fusilli ao sugo pode vir na companhia de duas braciolas. Nesse caso, o preço sobe. Pratos para dois. (A resenha da Veja São Paulo estava tão boa que eu copiei quase inteira!)
Rua Avanhandava, 63 – Consolação - 3256-9804
O Gigetto chegou a mudar para uma casarão na 13 de Maio, mas fechou depois de algum tempo.

1939 - Pizzaria Bruno 


É mais antiga casa que já nasceu pizzaria e durante toda a sua existência só vendeu pizza.
Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 87 – Freguesia do Ó – 3931-6737



1949 - Restaurante Itamarati 


Tradição do centro de São Paulo. É o restaurante preferido dos alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, dos advogados, dos juízes e dos promotores. Servem pratos da culinária paulista destacando-se seu famoso Virado à Paulista. Já a partir da 16h30 começa um happy-hour dos profissionais de Direito É um digno representante das tradições paulistanas.
Rua José Bonifácio, 270 – Centro – 3241-4929

1942 – Cantina do Roperto 


É uma das mais antigas cantinas do Bixiga.
Rua Treze de Maio, 634 – Bixiga – 3288-2573
1944Restaurante Gouveia 


Dois destaques do Gouveia. A feijoada, servida diariamente é muito bem feita e tem preços bastante democráticos, e os assados primorosos que fazem a alegria das famílias nas datas especiais. Tudo que é feito lá é muito bem feito. Muita tradição e qualidade.
Rua Professor Filadelfo Azevedo, 771 – Vila Nova Conceição – 3842-9880



1945 – Pizzaria Zi Tereza 


Preserva as receitas originais sem concessões a modismos. Sua longa existência comprova o quanto agrada o gosto dos paulistanos e visitantes.
Av. Ver. José Diniz, 3.401 – Santo Amaro – 5533-3319
Av. Sumaré, 700 – Perdizes – 3676-0808

1947 – Brasserie Victória 


É o mais antigo restaurante de cozinha árabe ainda em funcionamento. Começou na Rua 25 de Março, 477. Hoje funciona em um belo imóvel no Itaim Bibi. Pode-se apreciar os salgados no balcão ou sentar-se à mesa para saborear deliciosos pratos da cozinha árabe. A casa tem serviço de entrega e atende eventos.
Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 545 – Itaim/Vila Olímpia – 3040-8897



1948 – Cantina 1020 


Localizada no Cambuci, fora dos circuitos gastronômicos da cidade, a 1020 mantém sua clientela pelo ambiente familiar agradável e a comida que agrada sua fiel clientela.
Rua Barão de Jaguara, 1012 – Cambuci – 3208-9199



1948 – Restaurante Windhuk 


O mais longevo representante da culinária alemã em São Paulo. Seu cardápio traz os clássicos da culinária germânica com einsbeins, kasslers, salsichas, trutas e pato. O chope passa por uma serpentina gelada de mais de cem metros. A decoração típica cria o clima. Seu happy hour é concorrido.
Al. dos Arapanés, 1.400 – Moema – 5044-2040

1949 –
Cantina Jardim de Napoli 



Seu primeiro endereço foi à Rua Maria Paula, 194, migrando depois para o endereço atual. O carro chefe da casa é o seu Polpettone alla parmigiana feito com filet mignon moído, recheado de mussarela e coberto com molho de tomate e parmesão ralado. Antepastos, massas, filés, cabritos, frangos e pizzas completam o cardápio muito bem elaborado.
Rua Martinico Prado, 463 – Higienópolis – 3666-3022

1950Restaurante Almanara 


O sucesso deste restaurante de comida árabe que surgiu no centro da cidade próximo à Praça da República levou à formação de uma uma rede com dez restaurantes pela cidade. Oferece também serviço de entrega. Ao longo do tempo a qualidade se mantém excelente o que atrai uma clientela cativa. Difícil destacar um prato. Tudo é muito bom. A matriz funciona até hoje no mesmo endereço.
Rua Basílio da Gama, 70 – República – 3257-7580

1950 – Restaurante Caverna Bugre 


 Funciona no mesmo endereço desde a inauguração. Oferece pratos da cozinha alemã com destaque para o Filé Alpino, coberto com copa, Catupiry e provolone gratinado em molho tipo inglês. Vale a pena conhecer.
R. Teodoro Sampaio, 334 - Pinheiros – 3085-6984

1951Casa Garabed 


Produz esfirras e outras delícias da culinária árabe e armênia. Do forno a lenha de 25 m2 , construído à época da inauguração da casa, saem também assados primorosos que podem ser encomendados para festas e eventos.
Rua José Margarido, 216 – Santana – 2267-1831

1953La Paillote 


Um dos ícones da cozinha francesa na cidade. Até recentemente funcionou na Av. Nazaré, 1946, no bairro do Ipiranga, próximo ao Museu Paulista da USP. Recentemente mudou-se para o Jardim Paulista. O prato mais famoso da casa é o Camarão à Provençal de comer rezando. Lá também tem um coelho excelente (não sei se ainda fazem ao molho pardo, mas tem ao molho de mostarda).
Rua Dr. Melo Alves, 769 – Jardim Paulista – 5063-3737

1953Ca'd'Oro Este refinado restaurante está fechado desde 2009, mas promete voltar.
(Funcionava à Rua Augusta, 129 (Hotel Ca'd'Oro) – Consolação



1954La Casserolle 


Este autêntico bistrot oferece o melhor da cozinha francesa tradicional em ambiente aconchegante e um atendimento simpático e gentil. Os garçons e a proprietária fazem de tudo para que você se sinta a vontade. A casa consegue aliar comida francesa refinada e deliciosa com preços pra lá de justos. Quem quer conhecer o melhor da culinária francesa tradicional com preços honestos precisa conhecer o La Casserolle.
Largo do Arouche, 346 – República – 3331-6283



1955Marcel Restaurant 


Assim como muitos restaurantes tradicionais o Marcel iniciou suas atividades no Centro de São Paulo. Além de seus famosos soufflés o Marcel oferece também os clássicos da cozinha francesa em um muito agradável ambiente de bistrot. De segunda a sexta oferece seu Almoço Executivo que é muito concorrido.
Rua da Consolação, 3555 – Jardim Paulista – 3064-3089

1955La Coruña 


É o primeiro restaurante de culinária espanhola da cidade. Ainda menino, conheci seu primeiro endereço, no Brás. Era um bar simples com azulejos brancos e balcões de laminado. Depois de percorrer a área estreita do balcão chegava-se a um pequeno salão com mesas. Tudo muito simples. Mas os pratos ali oferecidos eram fantásticos. Na minha primeira visita comi um excepcional “Calamares em su tinta”. E depois voltei muitas vezes para apreciar a zarzuela (caldeirada à moda espanhola) e outras delícias. Hoje o cardápio é bem mais amplo com destaque para as paellas e os pratos com lagosta.
Soube que a casa estava de mudança mas até o momento de fechar esta postagem não consegui o novo endereço.



1956Monte Verde 


A primeira Cantina e Pizzaria Monte Verde surgiu no Bom Retiro e foi a primeira a oferecer pizzas de massa fina muito bem elaboradas. Serve também pratos de cantina muito saborosos. As outras pizzarias com o mesmo nome não são tocadas pelos proprietários da original.
Rua Barra do Tibagi, 406 – Bom Retiro – 3331-0658
http://www.monteverdepizzaria.com.br/ (este é o site das outras casas da rede)



1957Baby Beef Rubaiyat 


A primeira casa da churrascaria Baby Beef Rubaiyat funcionava na Av. Dr. Vieira de Carvalho, no centro. De lá transferiu-se para a Alameda Santos. As casas da Faria Lima e a Figueira Rubaiyat em São Paulo, a Cabaña Las Lilás na Argentina e o Rubayat Madrid vieram depois. Inicialmente as carnes oferecidas vinham da Argentina e de criadores selecionados. A partir de 1968 em parceria com um grupo argentino passaram a produzir passou a produzir suas próprias carnes nas Fazendas Rubaiyat em Dourados (MS) e hoje produz até o Kobe Beef. Além das carnes excelentes, magistralmente preparadas, o serviço é exemplar: discreto e eficiente.
Alameda Santos, 86 – Paraíso – 3170-5100

1958 – Pizzaria Speranza 


Logo que chegaram ao Brasil, vindos de Nápolis, o casal Dona Speranza e Seo Francesco, junto com os filhos Antonio e Giovanni, abriram a primeira Pizzaria Speranza no bairro do Bixiga. As pizzas Margherita e Napoletana além dos calzones rapidamente fizeram o sucesso da casa que ganhou muitas vezes o prêmio de melhor do ano em São Paulo. Em 1970 foi inaugurada a filial Moema, levando o sucesso da casa para a Zona Sul. Em maio de 2010, a Cantina e Pizzaria Speranza recebeu o certificado de “Verdadeira Pizza Napolitana” da Associazione Verace Pizza Napoletana (AVNP), pela qualidade e autenticidade de sua pizza napolitana. Este certificado foi renovado neste ano de 2011. A Speranza foi a primeira pizzaria da América Latina a obter este certificado. A comida de cantina oferecida pela Speranza também é de primeira qualidade.
Rua Treze de Maio, 1044 – Bixiga – 3288-8502
Av. Sabiá, 786 – Moema – 5051-1229



1958 - Don Curro 


Depois de 12 anos de touradas em Sevilha, Espanha, Francisco Rios Dominguez, o Don Curro, veio para o Brasil com sua esposa Carmen, neta de uma das cozinheiras do Palácio Real de Granada. Em 1958 abriu o restaurante Don Curro que hoje é tocado pelos filhos Rafael e José Maria. A casa é muito conhecida pelas suas premiadas paellas porém os outros pratos com peixes e frutos do mar também fazem a fama da casa. O viveiro do restaurante tem capacidade para armazenar até 800 lagostas vivas. Comer no Don Curro é fazer uma viagem gastronômica à Espanha.
Rua Alves Guimarães, 230 – Pinheiros – 3062-4712

1958 – Camelo 


A Camelo foi fundada em 1957 pelo Sr. ALI AL SALUM, em São Paulo, na Rua Pamplona, 1873. Era uma casa simples onde se comia quibes, esfirras, homus, babaganuche e outros pratos da culinária árabe em um ambiente bastante informal. Quando garoto, eu ia lá atrás das esfirras, do quibe e do homus. Em 1963, a família Nóbrega comprou o estabelecimento e passou a produzir pizzas e um delicioso frango a passarinho. Isto explica o nome Camelo em uma pizzaria. Hoje a casa oferece um serviço a la carte mas o forte mesmo são as pizzas.
Rua Pamplona, 1873 – Jardim Paulista – 3887-8764 e filiais

1959 – Acrópoles 


É o representante da culinária grega na cidade. Neste restaurante simples e informal o senhor Thrassyvoulos Georgios Petrakis (Seu Thrasso), que era garçom da casa e desde 1963 é o proprietário faz questão de receber os clientes. Para se servir o garçom o acompanha ao balcão da cozinha para escolher na hora o que quer. Não se trata de uma culinária requintada. É comida simples, caseira e saborosa. São tantas as delícias que é difícil não fazer bobagem.
Rua da Graça, 364 – Bom Retiro – 3223-4386

1960 - Dinho's Place 


A fama da casa se fez em torno de um corte em particular de carne bovina: a picanha. À época de sua inauguração só se falava na picanha do Dinho's “Não comeu ainda? Não sabe o que está perdendo!”. Foi lá que meu pai me levou para comemorar, comendo a famosa picanha, minha entrada na Escola Paulista de Medicina. O ambiente requintado, o serviço atencioso, as carnes e a famosa feijoada fazem do Dinho's um lugar especial.
Alameda Santos, 45 – Paraíso – 3016-5333

1960 – Fuentes 


“Imagine-se nos anos 70, subindo as escadas que levam ao espanhol Fuentes, na Rua do Seminário, perto do Vale do Anhangabaú. Naquela época, São Paulo tinha cerca de 6 milhões de habitantes e a vida da cidade ainda acontecia no centro. O que se via pelas mesas dos comensais? Paella, bacalhau, puchero, arroz com frango...
Hoje, na mesma região, predominam o trânsito caótico e um ar de degradação - ainda que o centenário prédio onde está o hotel São Paulo Inn, construído por Ramos de Azevedo no vizinho Largo Santa Ifigênia, esteja em boa forma. E quando você sobe as mesmas escadas e chega ao salão, o que observa nas bandejas dos garçons? Paella, bacalhau, puchero, arroz com frango...
Fundado nos anos 50, em Bauru, o restaurante do espanhol Severino Fuentes mudou para a capital em 1960, mais precisamente para o Ipiranga, para só depois instalar-se no ponto atual. E se manteve com o mesmo perfil popular, servindo pratos enormes e com jeitão caseiro num ambiente sem luxos. Uma atmosfera mais masculina, por assim dizer, ainda que a cozinha seja comandada por mulheres (tem sido assim desde a matriarca Lola Fernandez; agora, a responsável é sua neta, Dolores).
Como vários restaurantes paulistanos da sua geração, o Fuentes tem um cardápio extenso, repleto de sugestões de filés e de itens clássicos como rabada e virado à paulista. Mas fez a fama com pratos rústicos à base de arroz (como a paella e o arroz com frango) e de bacalhau. O Gadus morhua grelhado (que é feito na chapa), por exemplo, chega à mesa com arroz de brócolis e batatas salteadas. Uma bela posta que se desfaz em lascas ao toque do garfo, apenas um pouco salgada no centro da peça. A porção inteira dá para três pessoas (R$ 119). A meia, ainda que tratada como individual, pode ser facilmente compartilhada por dois.
A famosa paella, por sua vez, aplaca quatro fomes, com folga. A opção mariñera (R$ 169) traz camarões graúdos (poucos) e pequenos (vários), além de mexilhões e lula. Chega à mesa lembrando mais um arroz rico, já apaulistanado, do que a especialidade que os valencianos difundiram pelo mundo. Mas dá para se divertir, desde que se tenha em mente que se está pisando num território mais afinado com a gula do que com a gastronomia.
Isso não significa que o restaurante seja uma espécie de museu vivo. Mas ele é sobrevivente de um estilo de restauração que se preocupa mais com a tradição do que com apresentações contemporâneas. E se transforma em avis rara ao cobrar apenas R$ 2,50 pela água mineral; e o mesmo valor pela porção de pão e manteiga - algo que parece impensável na maioria dos restaurantes de hoje.
Num cenário que muitas vezes classifica os restaurantes mais pelo tipo de ocasião - se é um almoço de negócios ou um jantar romântico, etc - do que necessariamente pela comida, onde o Fuentes se insere? Parece ser um restaurante para velhos amigos e confraternizações regadas a sangria. Mas, quer saber? O público que há tantos anos movimenta seu salão parece não estar muito preocupado com esse tipo de rotulação.” Este texto não é meu. Por isso as aspas. Apesar de frequentar o Fuentes, leio outras resenhas antes de produzir meu texto para acrescentar o que possa ser interessante. Acontece que o texto que o Luiz Américo Camargo produziu para o Estadão ( http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos%20paladar,fuentes-uma-trincheira-da-gula,3881,0.htm ) está perfeito e eu preferi reproduzi-lo. Esta é a diferença entre um amador, como eu, e um profissional. Este texto trás ingredientes que traduzem a essência de muitas das casas aqui descritas. E é por isso que decidi reproduzi-lo na íntegra. Parabéns, Luiz!
Rua do Seminário, 149 – Entre o Largo do Paissandú e a Praça do Correio – 3228-1680


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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A cozinha paulista do início do século XX ao início do século XXI

Largo e Rua São Bento - 1920


A influência maior na culinária paulista paulista do início do século XX é, sem dúvida, portuguesa. As influências indígenas e africanas deram identidade à nossa cozinha e a cozinha caipira também fazia sucesso na capital.

Já tínhamos aprendido a fazer o arroz soltinho e o arroz com feijão era a base da nossa alimentação diária. A carne bovina era barata, tanto que quando se queria dizer que uma coisa era muito comum se dizia “isto é carne de vaca”. O frango era comida de festa e de domingo. Peru era comida de Natal. E, pasmem, bacalhau ainda era comida popular.

A maioria das famílias comia carne uma vez por semana. No dia a dia comia-se arroz, feijão, ovo e legumes. As frutas mais baratas, como bananas, laranjas, mamão, jaca, melancia eram também bastante consumidas. Maçãs, peras, melões, pêssegos e morangos eram frutas importadas e portanto muito caras para o povo consumir.

Doces eram feitos em casa. As confeitarias finas eram poucas e só no centro da cidade. Os industrializados eram a goiabada, a marmelada e algumas compotas. O resto eram docinhos que a criançada comprava nos empórios e mercearias.

São Paulo 1860 - Confeitaria Leão

A maioria dos bares, padarias e restaurantes eram tocadas por portugueses e seus descendentes e as refeições oferecidas eram baseadas no arroz, feijão, bife, salada, legumes cozidos, ovo frito, batata frita, peixes fritos ou cozidos com forte influência da cozinha portuguesa. Tudo isso continua sendo verdade em São Paulo. Mas com o tempo a culinária paulista passaria a sofrer muitas influências que vieram e ficaram.

A comida caipira paulista

A comida caipira paulista sempre esteve presente e fazendo sucesso tanto no interior do estado quanto na capital. Entre os grandes pratos e bebidas da cozinha caipira figuram: o leitão à pururuca, o cuscuz caipira de legumes, o cuscuz paulista, a pamonha, o bolinho caipira, a vaca atolada, o frango caipira, o furrundum, a farofa de linguiça, a fraldinha em panela de ferro, a paçoca de amendoim, o feijão tropeiro, a canjica com costela de porco, o virado à paulista, o frango ao molho pardo, o frango com curau e cambuquira, o afogado, o bolinho de mandioca, a rabada, o angu, o pé-de-moleque, a cabidela miúda, a farofa de içá, as rosquinhas de pinga, o quentão e a caipirinha entre outros.

Baixa gastronomia: a comida popular em São Paulo

A chamada baixa gastronomia é a comida dos bares e restaurantes simples. Não se deixem enganar pelo nome. São Paulo tem comida de botequim de se comer rezando. Esta tradição levou à criação de um cardápio semanal que é oferecido a muitas décadas na cidade com muita aceitação:

Virado a Paulista

Segunda-feira: Virado à Paulista (virado, arroz, couve refogada, bistequinha de porco frita, linguiça frita, banana à milanesa, ovo frito e torresmo).
Terça-feira: Dobradinha ou Bife Rolê com Arroz
Quarta-feira: Feijoada Completa (feijoada, arroz, farofa, couve refogada, torresmo, molho apimentado e laranja)
Quinta-feira: Macarronada com Frango
Sexta-feira: Peixe (frito, ensopado ou assado) com Arroz e Batatas
Sábado: Feijoada Completa
Domingo: Massas e Assados

O Comercial

Outras opções populares para o almoço são:
O Comercial, com arroz, feijão, bife, ovo frito e salada.
O PF ou Prato Feito com várias combinações de arroz ou macarrão, uma carne e verdura ou legume.
O Executivo, versões reduzidas e simplificadas de pratos tradicionais.

Buffet de restaurante por quilo ou por peso

Surgiram em São Paulo no final do século XX os restaurantes que servem comida por peso e os buffets ou self-service que têm versões das mais simples às mais sofisticadas.


O Sujinho da Consolação

A comida popular também pode ser apreciada em restaurantes como o Mocotó, o Galinhada do Bahia, o Bigode: O Rei do Galeto, o Sujinho com sua bisteca, o sanduíche de pernil do Bar do Estadão, o pastel de bacalhau (Hocca Bar) e o sanduíche de mortadela (Bar do Mané) ambos no Mercadão, o autêntico sanduíche Bauru do Ponto Chic, os petiscos exóticos do Valadares e em muitos outros templos da comida de botequim.


 
Pastel de Bacalhau do Hocca Bar


Sanduíche de Mortadela do Bar do Mané



Os italianos na culinária paulista

Na virada do século XIX para o século XX São Paulo recebeu a primeira onda migratória vinda da Itália e sua contribuição gastronômica iria influenciar fortemente a culinária paulista com suas pastas, polentas, molhos de tomate, pizzas, antepastos e tantos outros pratos. Estes pratos já eram comuns na Itália e os italianos começaram a produzi-los para consumo próprio nas fazendas de café, onde eles trabalhavam.

Muitos italianos desistiram da vida dura na lavoura e vieram tentar a vida em São Paulo, trabalhando na construção civil, nas tecelagens, nos serviços e no comércio. 


Fachada da Cantina Capuano


À esta época surgem os primeiros restaurantes de comida italiana, as cantinas e as primeiras pizzarias tocadas por italianos. Algumas destas casas continuam funcionando até hoje, como Cantina Capuano, desde 1907, e a Cantina e Pizzaria Castelões, desde 1924.

Pizza da Castelões

A comida italiana caiu tanto no gosto dos paulistanos e paulistas que passou a ser adotada como hábito de consumo frequente. A macarronada do domingo, as bracholas, a polenta, o ossobuco, o bife a parmigiana e, é claro, as pizzas são muito apreciados. São mais de 5.000 pizzarias só na cidade de São Paulo, sem contar as redondas produzidas nos bares e padarias.

A culinária japonesa em São Paulo

A imigração japonesa para o Brasil também começou no início do século XX, através de um acordo entre o governo japonês e o brasileiro, com a chegada ao Brasil em 1908 do navio Kasato-maru. O Japão passava por uma grande crise econômica e o Brasil precisava de mão de obra para trabalhar nas lavouras de café de São Paulo.


Sushi


A partir de 1912 os japoneses começaram a se deslocar do interior para a capital e se estabeleceram no bairro da Liberdade. As primeiras pensões, bares e restaurantes japoneses da Liberdade trabalhavam com as portas fechadas e só atendiam a colônia. Foi a partir de 1960 que um comércio voltado para a comunidade japonesa se desenvolveu na região e os brasileiros não descendentes puderam então começar a conhecer a culinária japonesa. Hoje São Paulo tem restaurantes japoneses espalhados por toda a cidade. As cozinhas orientais chinesa, coreana e tailandesa também se tornaram bastante divulgadas na cidade.

Outras influências na gastronomia paulista

A partir da segunda metade do século XX São Paulo já era uma grande cidade com imigrantes brasileiros e de muitos países do mundo. Isto possibilitou a instalação de restaurantes de cozinha alemã, árabe, armênia, escandinava, espanhola, francesa, indiana, judaica, libanesa, marroquina, mexicana, peruana, turca e de todas as regiões do Brasil.

Uma gastronomia tão sofisticada quanto a encontrada em Paris, Nova Iorque ou Tóquio pode ser apreciada em São Paulo.

La Casserole - Largo do Arouche

As casas do chef Alex Atala, os restaurantes do Grupo Fasano, o La Casserole no Largo do Arouche, a Pizzaria Speranza, as casas do Grupo Mancini, e tantas outras casas excepcionais e chefs talentosos fazem a fama gastronômica de São Paulo.

Pela qualidade e diversidade de sua gastronomia a cidade de São Paulo é internacionalmente reconhecida como “A Capital Gastronômica do Mundo”.

Fontes: Este artigo foi produzido essencialmente a partir de textos da Wikipedia.