Primeiro
o Revirado, depois o Virado à Paulista
Consta em documentos de 1602
que os bandeirantes em suas incursões de desbravamento e ampliação
do território do que seria futuramente o Brasil, precisavam de uma
comida fácil de ser consumida e que de longa conservação. Assim,
levavam no alforje (bolsa de couro fixada na sela da mula) feijão
cozido, farinha e toucinho. Esses ingredientes acabavam se
misturando, revirando ao longo da viagem e era comido aos bocados
pegos com os dedos. Era um revirado.
Ao longo dos anos e com a
fixação dos pioneiros nas vilas e cidades a partir de São Paulo, a
horta permitiu a plantação da couve e de banana, dos galinheiros
passaram a obter os ovos, os chiqueiros tornaram a carne de porco
mais disponível. O arroz oriental (branco) passou a chegar ao
Brasil. Todos esses ingredientes foram incorporados à culinária
paulista.
Foram os bandeirantes que
fundaram as primeiras vilas/cidades mineiras e implantaram seus
hábitos alimentares, que atendiam as necessidades energéticas dos
que trabalhavam nas minas de ouro e pedras preciosas.
Assim, a culinária mineira
nasce da culinária paulista.
Mas
e o Virado à Paulista?
Virado à Paulista para uma pessoa
Virado à Paulista para duas pessoas, do Restaurante Guanabara
R$ 75,00 em fevereiro de 2018
O prato Virado à Paulista, na
sua configuração atual, surgiu nos restaurantes simples da cidade
de São Paulo no início do século passado e tem hoje uns 100 anos. Caiu no gosto do povo e se espalhou pelo Estado de São
Paulo.
Acho que foi o nosso primeiro
P.F. (Prato Feito), com uma composição única:
-
virado (feijão roxinho cozido novamente refogado com alho e que recebe farinha de milho (ou mandioca) que se misturam, mantendo os grãos de feijão inteiros)
-
bisteca de porco frita
-
linguiça frita
-
ovo frito
-
couve refogada
-
banana à milanesa
-
arroz branco.
Qualquer ingrediente a mais ou a menos não é Virado à Paulista. Já que agora é patrimônio imaterial do Estado de São Paulo, normas têm que ser respeitadas.
Hoje o Virado à Paulista pode
ser encontrado às segundas-feiras (alguns restaurantes oferecem o
prato todos os dias da semana) em desde os mais simples
bares/restaurantes, até os restaurantes mais sofisticados da cidade.
Estima-se que meio milhão de
Virados à Paulista são vendidos todas as segundas-feiras em São
Paulo.