quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Virado à Paulista agora é patrimônio imaterial do Estado de São Paulo

Primeiro o Revirado, depois o Virado à Paulista

Consta em documentos de 1602 que os bandeirantes em suas incursões de desbravamento e ampliação do território do que seria futuramente o Brasil, precisavam de uma comida fácil de ser consumida e que de longa conservação. Assim, levavam no alforje (bolsa de couro fixada na sela da mula) feijão cozido, farinha e toucinho. Esses ingredientes acabavam se misturando, revirando ao longo da viagem e era comido aos bocados pegos com os dedos. Era um revirado.
Ao longo dos anos e com a fixação dos pioneiros nas vilas e cidades a partir de São Paulo, a horta permitiu a plantação da couve e de banana, dos galinheiros passaram a obter os ovos, os chiqueiros tornaram a carne de porco mais disponível. O arroz oriental (branco) passou a chegar ao Brasil. Todos esses ingredientes foram incorporados à culinária paulista.
Foram os bandeirantes que fundaram as primeiras vilas/cidades mineiras e implantaram seus hábitos alimentares, que atendiam as necessidades energéticas dos que trabalhavam nas minas de ouro e pedras preciosas.
Assim, a culinária mineira nasce da culinária paulista.



Mas e o Virado à Paulista?


 Virado à Paulista para uma pessoa



Virado à Paulista para duas pessoas, do Restaurante Guanabara
R$ 75,00 em fevereiro de 2018


O prato Virado à Paulista, na sua configuração atual, surgiu nos restaurantes simples da cidade de São Paulo no início do século passado e tem hoje uns 100 anos. Caiu no gosto do povo e se espalhou pelo Estado de São Paulo.

Acho que foi o nosso primeiro P.F. (Prato Feito), com uma composição única:
  • virado (feijão roxinho cozido novamente refogado com alho e que recebe farinha de milho (ou mandioca) que se misturam, mantendo os grãos de feijão inteiros)
  • bisteca de porco frita
  • linguiça frita
  • ovo frito
  • couve refogada
  • banana à milanesa
  • arroz branco.
Qualquer ingrediente a mais ou a menos não é Virado à Paulista. Já que agora é patrimônio imaterial do Estado de São Paulo, normas têm que ser respeitadas.


Hoje o Virado à Paulista pode ser encontrado às segundas-feiras (alguns restaurantes oferecem o prato todos os dias da semana) em desde os mais simples bares/restaurantes, até os restaurantes mais sofisticados da cidade.
Estima-se que meio milhão de Virados à Paulista são vendidos todas as segundas-feiras em São Paulo.