O dialeto caipira é um dialeto da língua portuguesa falado no interior do estado de São Paulo, inicialmente na Mesorregião do Vale do Paraíba Paulista, e em parte dos estados do norte do Paraná, leste do Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais, sul de Goiás e parte do interior do Sul Fluminense, no Rio de Janeiro[1], no Brasil. Difere acentuadamente do idioma padrão brasileiro em sua estrutura fonológica, sendo algumas características "r aproximante alveolar [ɹ] ou retroflexo [ɻ]", a ausência de consoantes laterais palatais (lh), que são permutadas pela semivogal "i", a permutação do "l" de fim de sílaba por r, a apócope ou síncope em palavras proparoxítonas e a aférese em muitas palavras. Possui numerosas expressões próprias, e, ao contrário do que acontece com a língua padrão do Brasil e de Portugal, o plural só é indicado em um substantivo ou adjetivo quando este não é determinado por um artigo, ex.: singular: casa; plural: casas; singular: a casa branca, plural:as casa branca.[2]
Possui morfologia e sintaxes próprias. Pode ser dividido em cinco subdialetos:
- O primeiro, falado na região sul do estado de São Paulo (regiões do Vale do Ribeira,Sorocaba, Itapetininga e Itapeva), caracteriza-se pela marcação do "e" gráfico sempre pronunciado como fônico. Assim, palavras como "quente" e "dente" possuem o "e" átono pronunciado como /e/ e não como /i/, comum no português padrão do Brasil. Essa é também uma característica do português falado na região de Santa Catarina, Paraná e no Rio Grande do Sul.
- O segundo subdialeto é das regiões do Médio Tietê (Campinas, Piracicaba, Capivari, Porto Feliz, Itu, Santa Bárbara d'Oeste, Americana, Limeira, Rio Claro, São Carlos, Araraquara e Jaú). Caracteriza-se pelos erres retroflexos inclusive em início de sílaba (como em caro, parada) e em dígrafos (frente, crente). Caracteriza-se também pela não-palatalização dos grupos "di" e "ti" fônicos.
- O terceiro subdialeto compreende as regiões norte, nordeste e noroeste (Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto) e oeste (Araçatuba, Presidente Prudente, Bauru, Marília) do estado de São Paulo, além de parte do estado do Paraná e de Mato Grosso do Sul. Caracteriza-se pelos erres retroflexos só em corda vocálica (final de sílabas), tais como em "porta", "certo", "aberto" e palatização dos grupos "di" e "ti" fônicos.
- Um quarto subdialeto compreende a região Mesorregião do Vale do Paraíba Paulista (Taubaté, Guaratinguetá) e Litoral Norte (São Paulo). Caracterizando-se pelos erres retroflexos só em corda vocálica (final de sílabas), tais como em "porta", "certo", "aberto" e com ausência de palatização dos grupos "di" e "ti" fônicos.
- O quinto grupo corresponde ao Triângulo Mineiro e grande parte do estado de Goiás. Compreende um subfalar com pronúncia tais como o grupo três e com ritmo típico do dialeto mineiro, com elevação do tom nas sílabas tônicas, e erres retroflexos só em corda vocálica (final de sílabas), tais como em "porta", "certo", "aberto" além da palatização dos grupos "di" e "ti" fônicos. O Sul e o Sudoeste de Minas Gerais e parte da Região Sul do estado do Rio de Janeiro possuem esta mesma variação de sotaque caipira.
Morfologia
Artigos
- Definido: u, a, uz, us, az, as
- Indefinido: um, uma, unz, uns, umaz, umas
No dialeto caipira, é o artigo que determina o número, permanecendo o substantivo inalterado.
Os artigos no plural variam de acordo com a fonética, porém, ainda sem regra estabelecida. Ex: az muié (as mulheres), uz ómi (os homens), as coisa (as coisas), us prímu (os primos) etc.
Verbos
Conjugação
- No dialeto caipira, o verbo não é flexionado como acontece na norma culta -- onde se obedece à concordância numérica -- mas fica sempre no singular.
Exemplo: Verbo SER = SÊ : eu sô, (o)cê é, ele é, nóis é, cêis é, êis é
- O mesmo se dá com o verbo IR = I (e, praticamente, com todos os verbos mais usados).
Exemplo: eu vô, (o)cê vai, ele vai, nói(s) vai, cêis vai, êis vai
Infinitivo
- No dialeto caipira, os verbos no infinitivo perdem o 'r':
Exemplo: Brincar: Brincá; Olhar: Olhá; Comer: Comê; Chorar: Chorá; etc.
Gerúndio
- No caipirismo, o gerundio perde o 'd'.
Exemplo: Falando: Falano; Correndo: Correno; Tomando: Tomano; Regulando: Regulano, etc.
LH
- No dialeto caipira, o 'LH' no meio de palavras é substituído por 'i'.
Exemplo: Falhou: Faio; Mulher: Muié; Alho: Aio; Velho: Véio; Trilho: Trio; Olhei: Oiei; etc.
Parabéns pela linda Pagina!"Viva o Caipira si monimo de Carácter"♥"
ResponderExcluir